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sábado, 29 de janeiro de 2011

Entrevista com o linguista Luiz Carlos Cagliari


Para o linguista Luiz Carlos Cagliari,da Unesp, o Acordo Ortográfico não tem base científica. Veja um trecho da entrevista.

Agência FAPESP: Há bases científicas para as modificações contempladas pelo Acordo?

Luiz Carlos Cagliari: As reformas ortográficas têm sido feitas sem o conhecimento científico do que vem a ser a ortografia. Desse erro original deriva uma série de equívocos. Mas a questão fundamental não é se as mudanças serão feitas em determinadas regras. O fundamental é saber se há necessidade de mudança. Os argumentos dados para justificar uma reforma como essa são, em geral, falhos.

Agência FAPESP: Poderia dar exemplos desses argumentos?

Luiz Carlos Cagliari: Um deles é "facilitar o uso da língua". Mudar a ortografia não facilita a vida de ninguém, porque a ortografia não representa a fala de ninguém. É simplesmente uma representação gráfica que permite a leitura.

Agência FAPESP: A unificação não facilitaria a comunicação diplomática entre os países?

Luiz Carlos Cagliari: Unificar a ortografia é um equívoco. Apesar de seguir regras de uso, tiradas de uma tradição, a ortografia, como a linguagem em geral, sofre transformações no tempo e no espaço. A história da ortografia mostra que a escrita se transforma continuamente.

Fonte: http://www.agencia.fapesp.br/materiaq7667/entevistas/ruidos-ling-isticos-com-trema-por-enquanto-,htm

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Formação do Lexico Português


A língua portuguesa é essencialmente latina, uma vez que sua estrutura morfológica e sintática é, com pequenas variações, a mesma do latim vulgar. Outras línguas, além do latim, exerceram influência sobre o português; porém, tais influências foram mais profundas na parte do vocabulário. Muitas há, com efeito, que são originárias do grego, do espanhol, do francês e de muitas outras.

No século V, desencadeiam-se sobre o Império Romano, os bárbaros, vindos do nordeste europeu. Desse modo, toda a aparente unidade linguística de tão vasto território se fragmentou, sob a atuação de várias causas: com o esfacelamento do poder, do exército e, por conseguinte, do vasto domínio romano, tornaram-se independentes as províncias; as escolas fechadas, pois era opinião dos bárbaros que a instrução prejudicava o homem; o que havia de latim foi recolhido aos mosteiros, e seu estudo proibido. Como consequência desses fatos, surgiram na Hispânia(Espanha) vários dialetos: o leonês(de Leão), o aragonês(de Aragão) e o castelhano(de Castela). Todos estes dialetos predominaram em suas regiões, até que o castelhano, graças à sua supremacia política, passou a ser a língua oficial.

O mesmo sucedeu à Lusitânia, até que o português se sagrou como língua de nacionalidade portuguesa.
Da dominação germânica, há vestígio em mais de duzentas palavras, que ficaram incorporadas ao nosso vocabulário. São, sobretudo, termos de guerra.
Três séculos aós a invasão bárbara, a Península Ibérica é novamente abalada, agora pela invasão árabe.
A língua árabe é semita e pouca influência exerceu sobre toda a península, tendo o castelhano recebido e conservado maior número de palavras árabes do que a língua portuguesa.
No século IX, deu-se a fundação da monarquia portuguesa, vindo o português a tornar-se a verdadeira língua de nacionalidade portuguesa.
No século XVI, ocorre o descobrimento do Brasil e a língua portuguesa entra em nossa Pátria, onde encontra o elemento indígena e depois o africano.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Conversor do acordo ortográfico questionado


O conversor informático Lince e o Vocabulário Ortográfico do Português do Instituto de Linguística Teórica e Computacional(ILTEC) elaborados com base no novo Acordo Ortográfico, que o Governo português decidiu adotar e que o presidente do Parlamento propôs que também seja usado na AR, estão sendo contestados pela concorrência. O Lince e outros três conversores existentes no mercado já foram analisados pela Universidade do Minho e o escolhido como "oficial" foi considerado o pior dos quatro. O conversor Lince é gratuito, pode ser consultado na página do ILTEC.

O Vocabulário está disponível no Portal da Língua Portuguesa e permite pesquisas de palavras e expressões. "Não está determinado em lado algum do Acordo que os governos têm que decidir qual a ferramenta informática de conversão que deve ser adotada - é como impor qual o programa de texto ou de faturação que um país deve usar", critica Carlos Amaral, administrador do Priberam, empresa que tem também ferramentas informáticas do mesmo gênero. Carlos Amaral questiona ainda o tipo de avaliação que foi feita, quem a fez("que professores, linguistas e acadêmicos participaram)") e o resultado para se escolher o conversor e o vocabulário. Sobretudo porque o conversor faz substituições com erros e no vocabulário encontram-se palavras mal escritas, como é o caso de "benfeito", "para-quedas", "água-ardente", enumera. Continua apontando outros pontos:"sendo considerado de referência, este Vocabulário deveria está impresso, mas está apenas disponível na Internet, como portal de pesquisas", e acrescenta:"Percebo que um governo não queira deixar nas mãos de uma entidade privada a tarefa de definir o vocabulário de um país, mas é preciso assegurar a qualidade e não apenas ao preço". Contesta ainda a duplicação de esforços e despesa por parte do Estado, lembrando que a Academia das Ciências de Lisboa, que é quem tem competência para elaborar um vocabulário ortográfico, já o está fazendo.

Fonte:http://www.lusofonias.net/acordoortografico/acordo2010-2.pdf

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