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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Decreto do Governo Poderá Adiar Acordo


Alvo de controvérsia e ressentimento entre países  de língua portuguesa, o novo Acordo Ortográfico deverá ter a implantação adiada do Brasil por meio de decreto. O assunto foi discutido nessa quarta-feira (28) na reunião entre representantes do ministério das Relações Exteriores,  Cultura, Educação e Casa Civil, mas a decisão cabe à presidente Dilma Rousseff, que dará a palavra final.

A previsão era a de que a transição entre a norma ortográfica em vigor e a nova fosse concluída em 31 de dezembro de 2012.

Segundo o Estado apurou, o Governo já admite alterar a implantação do Acordo para 1º de janeiro de 2016 - um tempo extra de três anos.  O Itamaraty ficará encarregado de construir o texto do novo decreto.

Na terça-feira (27), a ministra da Casa Civil, Gleise Hoffmann, ouviu o apelo por um prazo maior de uma comissão formada pelos senadores Lídice da Mata (PSB-BA) e Cyro Miranda (PSDB-GO) e pelo professor Ernani Pimentel, idealizador do Movimento Acordar Melhor, que propõe a simplificação ortográfica.

"Não houve planejamento (para que o Acordo fosse implantado), assinaram há quatro anos esse Acordo com essa data, mas ninguém se mobilizou para colocá-lo em prática. as coisas foram andando a passos de tartaruga" critica Miranda. "Imagine um vestibular sem os alunos saberem as regras", completa.

Entre outras coisas, o Acordo Ortográfico suprime o trema - a exceção fica para os nomes estrangeiros -, retira o acento dos ditongos abertos "ei" e "oi" das palavras paroxítonas (como assembleia e ideia), aletra as regras do hífen e inclui as letras "K", "W" e "Y" no alfabeto português. Procurado pela reportagem, o Ministério da Educação (MEC) informou que todos os livros didáticos do ano que vem vão respeitar o novo Acordo.

"Há uma necessidade de adiamento porque a implementação está sendo muito precipitada, havendo choque entre a filosofia que norteou esse Acordo e a filosofia que norteia a educação moderna. Ouvi da delegação de Moçambique, de Angola, que os professores não aprendem essas regas, e no Brasil também não" afirma Pimentel. O manifesto do professor por uma ortografia brasileira "com base racional, objetiva, sem exceções", já recebeu mais de 20 mil assinaturas.

Para Pimentel, as autoridades brasileiras estão percebendo que há necessidade de fazer ajustes. "O grande problema desse Acordo é que veio fora de época, nasceu velho, o estudante quer raciocinar para entender, não para decorar" critica. "Como vou ensinar que cor de capim é sem hífen, cor de qualquer coisa é sem hífen, mas cor-de-rosa é com hífen?", completa. O cronograma da implantação foi assinado pelo então  presidente Luiz Inácio Lula da Silva em setembro de 2008, na Academia Brasileira de Letras (ABL).

Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/decreto-do-governo-pode-adiar-acordo-ortografico?page=1


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